Personagens do IPM: Lucas Saone

17 de janeiro de 2023
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Agregar e inspirar novas conquistas…

É com esse olhar que hoje o jovem Lucas Saone, de 19 anos, pensa em contribuir para que outros jovens possam se espelhar e alçar grandes voos na vida.

Mas, afinal, quem é Lucas e qual a sua história?

Aluno do IPM desde 2013, quando tinha apenas 10 anos de idade, ele fez parte dos projetos da organização por quase uma década, sempre se destacando dentro e fora das quadras. Em fevereiro de 2020, quando a pandemia de Covid-10 se tornava uma realidade no mundo todo, ele deu início a um projeto que mudaria completamente sua vida.

Naquele momento ele foi um dos beneficiários indicados pela diretora executiva do IPM, Patrícia Medrado, para fazer uma mentoria com a ex-tenista universitária Viviane Marani, uma profissional formada em Finanças e Ciências Contábeis nos Estados Unidos que procurava auxiliar jovens a percorrerem o mesmo caminho acadêmico que ela trilhou no exterior.

Inspirado na história de vida Rafael Gonçalves, outro ex-aluno do Instituto que havia embarcado para os EUA anos antes, Lucas mergulhou de cabeça em um processo preparatório para concorrer a uma bolsa de estudos na América do Norte.

Pouco mais de 365 dias depois ele foi aceito na Jacksonville State University, no Alabama, com uma bolsa de 100% para residir na International House, um ambiente acadêmico voltado para a integração entre alunos do mundo todo e imersão à cultura local. De lá para cá, viveu novas realidades, acumulou experiências e amadureceu em diferentes aspectos, segundo seus próprios depoimentos.

Nova rotina

“Tem sido uma experiência bem diferente de tudo o que já vivi. Tive que me virar lá, aprender a cozinhar (não sabia nem fazer arroz), uma nova língua, viver outros costumes. Minha rotina se baseia em estudar e trabalhar meio período em dois empregos: como Student Assistant na Admissions Office, que funciona como uma espécie de Jovem Aprendiz com atividades de escritório, e como Supplemental Instruction Leader, ou seja, dou aulas de reforço de matemática para outros alunos da universidade.”

A convivência na International House

“Essa bolsa é como se eu fosse o embaixador do Brasil na faculdade, pois vivo numa casa com outras 40 pessoas, sendo 20 norte-americanos e outros 20 de países do mundo inteiro, como Costa Rica, Argentina, Taiwan, Alemanha, Inglaterra, Coréia do Sul, Honduras, entre outros. É uma mistura cultural bem bacana. Durante a Copa do Mundo de futebol, no fim do ano passado, pudemos assistir aos jogos juntos e foi bem engraçado ver as pessoas torcendo para países diferentes no mesmo lugar. Eu estava ‘vendendo’ o Brasil como campeão, mas infelizmente ficou para 2026.”

Evolução e amadurecimento

“O que mais mudou em mim acho que foi o amadurecimento. Estando, de certo modo, sozinho em outro país, tenho que me virar e resolver os meus problemas. A Viviane me ajudou muito no começo, mas depois eu entendi que precisava ser mais independente. Hoje eu tenho que administrar meu tempo, meu dinheiro, o tempo de lazer, preparar minha própria comida, lavar minhas roupas e tudo mais. Aos poucos, fui perdendo uma parte da vergonha que tinha, porque muitas coisas precisam ser resolvidas e a vida não liga muito se estamos com vergonha de perguntar alguma coisa. Aprendi que é necessário fazer o que tem que ser feito, tomar ações e me responsabilizar pelo o que der e vier.”

Vida acadêmica e carreira

“Com o passar desse um ano e meio eu também fui descobrindo o que eu gosto de fazer, academicamente falando. Nesse período eu mudei de curso três vezes: comecei com Engenharia Eletrônica, depois fui para Ciência de Dados e agora estou fazendo Matemática. Ainda estou vendo o que quero fazer dentro dessa área, mas no próximo semestre vou ter uma matéria de macroeconomia e outra de introdução à pedagogia (para ser professor). O plano por enquanto é fazer novas descobertas e terminar a faculdade.”

Aprendizados do tênis fez a diferença

“Uma coisa que eu aprendi no tênis participando dos projetos do Instituto Patrícia Medrado foi a questão de autonomia. Por ser um esporte individual, somos nós que batemos todas as bolas e lidamos com todas as consequências desses golpes. E assim está sendo a minha vida nos Estados Unidos: sou eu que tomo as a maioria das decisões e lido com os resultados dessas ações, sejam eles bons ou ruins. A experiência de passar as tardes com várias pessoas durante os treinos, nos tempos de IPM, também me ajudou a ser mais aberto com os outros e as diferentes culturas.”

Choque cultural? Não para o Lucas!

“Acredito que me adaptei fácil, não tive nenhum choque no cotidiano. Nós meio que conhecemos a cultura norte-americana pelo o que o consumimos deles no Brasil, é bem parecido ao que vemos nos filmes mesmo. Existem alguns hábitos um pouco diferentes, como não cumprimentar com beijo na bochecha, jogar papel higiênico no vaso sanitário, mas nada além disso. Uma coisa que chamou atenção é a forma como eles levam a sério as datas comemorativas, como o Dia de Ações de Graça, por exemplo. O americano decora todos os lugares, os carros, a universidade fica fechada por uma semana e tem muita comida.”

Como lidar com a saudade de casa?

“Eu sempre fui mais tranquilo quanto a sentir saudade, então não tive tantos problemas. Para manter contato, eu conversava com meu pai e minhas irmãs semanalmente por ligação ou chamada de vídeo. A agenda apertada também não ajuda muito e não dá tempo de pensar em outras coisas além do que está acontecendo ali. Uma coisa que desenvolvi morando fora foi dar valor aos poucos minutos que tenho com quem amo.”

Como ajudar e inspirar outros jovens?

“Com toda a experiência que adquiri ao longo desse processo, desde os preparativos para aplicação até a vivência diária em outro país, hoje eu acredito que toda e qualquer criança ou adolescente em situação de vulnerabilidade social pode e deve sonhar grande. Talvez até mais do que inspirar outros jovens a seguirem um caminho parecido, tenho algumas ideia para ajudar pessoas a fazerem esse processo. Lá nos EUA, eu prestei o SAT, similar ao ENEM no Brasil, e fui muito bem na prova de matemática. Acredito que é essa facilidade com números é um dom que Deus me deu, então penso que posso ajudar outros jovens futuramente na preparação para esse ou outros exames.”