O ace que mudou uma vida: como o tênis e o IPM levaram o jovem Juan para a USP
13 de maio de 2025


Aos 18 anos, Juan Batista de Matos carrega uma convicção que muitos demoram a alcançar: encontrou no esporte um propósito de vida. Ex-aluno do Instituto Patrícia Medrado, ele acaba de ingressar no curso de Educação Física na Universidade de São Paulo (USP), mas, até pouco tempo atrás, o futuro ainda parecia incerto.
“Eu estava muito sem rumo antes de entrar pro projeto. Nisso, eu não exagero nem um pouco. Eu realmente não sabia o que fazer da minha vida”, conta o jovem. Foi em 2023 que ele conheceu o IPM, por meio de um amigo que o convidou para assistir a uma aula de tênis. Sem grandes expectativas, acabou se matriculando e, dali em diante, sua rotina e visão sobre o mundo mudaram completamente.
Antes do projeto, Juan não se via praticando esportes, muito menos se imaginava trabalhando com isso. “Eu basicamente não sabia nada sobre o universo dos esportes, inclusive o tênis”, admite. O que o conquistou, no entanto, foi o acolhimento. “A proposta do IPM de formar o cidadão através do esporte é muito bacana! Não incentiva aquela competitividade tóxica, e isso fez eu me sentir bem ao errar e continuar aprendendo”, destaca.
Ele também não esquece quem esteve ao lado nesse processo. Os professores Ewerton Cavalcanti e Vitor Segatti, a quem chama carinhosamente de “dupla dinâmica”, marcaram profundamente sua trajetória no IPM. “Se não fosse o Segatti, provavelmente eu não teria levado o esporte para frente. Um professor muito simpático, carismático e que ama o que faz. Eu estava precisando bastante de alguém assim para me ensinar”, admite.
Muito além das quadras
Mais do ensinar o tênis, o Instituto proporcionou apoio contínuo para Juan, mesmo após sua saída oficial no início de 2025. “A dona Ivone [Salgado, assistente social] e o Segatti ainda me acompanham e me ajudam no que eles podem. Nunca que eu teria chegado aqui se não fosse por eles”, diz, com gratidão evidente. “Dá para sentir na voz dela que ela não falava coisas legais só por obrigação. Ela realmente queria que eu melhorasse. Isso, sim, marca a vida de alguém.”
O ambiente positivo e os laços formados com a equipe do IPM serviram como alicerce para transformações mais profundas. “Minha vida virou de ponta cabeça. Fiz novas amizades, me movimentei mais, melhorei como pessoa. O projeto me deu uma paixão que eu poderia realmente seguir”, destaca.
Do projeto social à universidade
A escolha pela Educação Física não foi planejada de início. Surgiu, segundo Juan, como uma inspiração direta do professor Vitor. “Eu percebi que queria Educação Física depois que o Segatti me disse que era a formação que ele fez para dar aulas de tênis. Aí juntei o útil ao agradável e aqui estou”, explica.
Apesar da insegurança no vestibular, o ex-aluno do IPM foi aprovado na USP, considerada a melhor universidade da América Latina. “Eu mesmo não botava muita fé que passaria, sinceramente. Mas olha só onde cheguei”, diz com orgulho.
Para ele, no entanto, mais importante que o diploma é o crescimento pessoal. “O meu processo todo como tenista me deixa muito feliz quando eu paro pra refletir. Eu cresci como pessoa, e isso é a conquista de verdade.”
O esporte como missão de vida
Hoje, o tênis continua fazendo parte da sua rotina na USP — mesmo que apenas uma vez por semana — e segue como uma fonte de equilíbrio e motivação. “O tênis é a minha vida. É o que me transformou para eu ter a vida que eu tenho hoje”, afirma. Ele sonha em seguir carreira como professor, assim como quem o inspirou. “Me vejo dando aula de tênis. Guiar mais pessoas para um caminho que preencha a alma delas através do esporte que preencheu a minha.”
E, se depender dele, a conexão com o IPM seguirá viva. “Pretendo retribuir com certeza a todos que me fortaleceram nessa caminhada até aqui. Espero fazer por onde. E se o projeto estiver precisando de professor, estamos aí”, se disponibilizou.
Aos jovens que chegam ao IPM cheios de dúvidas, Juan tem um recado direto e afetuoso: “Escute o professor e a assistente social, são pessoas que vão te levar longe. E, claro, jogue muito tênis! É difícil, mas te dá uma paz de espírito absurda quando você joga para se divertir”, completa.