Ex-aluno do IPM, Lucas Saone se forma em Matemática nos EUA e sonha com o doutorado
29 de julho de 2025






Em 2013, um menino de 10 anos entrou no Instituto Patrícia Medrado para aprender tênis, mas acabou encontrando muito mais do que uma raquete e uma bolinha. Uma década depois, Lucas Saone voltou ao Brasil com um diploma de Matemática nas mãos e novos sonhos no coração.
Agora com 22 anos de idade, ele acaba de se formar pela Jacksonville State University, nos Estados Unidos, e já foi aceito para o mestrado, com bolsa garantida.
Durante uma pausa nas férias, ele reencontrou amigos, visitou o CEU Casa Blanca, onde tudo começou, e conversou com o IPM sobre os aprendizados dessa jornada. E provou, mais uma vez, que o esporte e a educação formam uma dupla poderosa.
Formatura e reflexões
Indicado por Patrícia Medrado para uma mentoria com a ex-tenista universitária Viviane Marani, no início de 2020, Lucas Saone seguiu um rigoroso processo de preparação, aprendeu inglês e estudou para vestibulares de instituições norte-americanas.
A recompensa veio menos de um ano depois, e ele ingressou na universidade em 2021 com o objetivo inicial de cursar Engenharia Eletrônica. Após enfrentar dúvidas e dificuldades de adaptação, mudou de curso duas vezes, passando por Ciências da Computação até encontrar seu espaço na Matemática.
“Sempre gostei de estudar matemática, mas nunca tinha pensado em seguir isso profissionalmente. Quando comecei a cursar, me encantei, principalmente com cálculo. Depois, com mais maturidade, percebi que era nessa área que eu poderia ajudar outras pessoas.”
Durante a graduação, também trabalhou como monitor (Supplemental Instruction), experiência que revelou sua vocação para o ensino. “Foi nesse trabalho que descobri o quanto gosto de ensinar. Pude usar meus dons para ajudar os outros e isso me marcou bastante.”
Passados quatro anos, ele concluiu a graduação, mas admite que demorou para perceber a grandeza do que havia conquistado. A ficha só caiu quando um amigo apontou: “não são muitas pessoas no mundo que têm a oportunidade de se formar, muito menos fora do país”. Até então, Lucas dizia estar “tranquilo” com a formatura, mas a consciência do feito bateu forte. “Me senti abençoado, minha vida se transformou completamente através de pessoas”, conta.
Conhecimento com propósito
Além do crescimento acadêmico, Lucas destaca a transformação pessoal que viveu ao longo do período. “Morar sozinho, enfrentar desafios e tomar decisões difíceis me fizeram amadurecer. Mas o que mudou completamente minha vida foi meu encontro com Deus. Encontrei uma igreja que me acolheu e me ajudou a dar propósito a tudo o que faço.”
Com novos objetivos, ele planeja dar continuidade à sua formação acadêmica. Aprovado no mestrado, pretende se aprofundar na área de Análise Funcional e, no futuro, seguir para um doutorado. “Meu sonho é ser professor universitário de matemática”, afirma.
O legado do esporte
Lucas entrou para o IPM em 2013, ainda criança, e participou do projeto por sete anos. Embora hoje o tênis não faça mais parte da sua rotina, ele reconhece a importância do esporte em sua formação. “Acho que crescer jogando tênis me ajudou muito a desenvolver o raciocínio, a coordenação e até valores como o fair play. Isso com certeza contribuiu para minha trajetória acadêmica.”
Mesmo sem atuar diretamente com o esporte nos dias atuais, ele ainda acompanha, de longe, o circuito profissional. E, entre risos, lembra que o espanhol Carlos Alcaraz, atual número 2 do ranking mundial e dono de cinco títulos de Grand Slam, é apenas um dia mais velho que ele.
“Acompanho um pouco do tênis ainda. Djokovic fazendo história com a idade dele, Alcaraz e Sinner, com a minha idade, fazendo história também”, comenta.
Do IPM para o mundo
Saone também destaca o papel do Instituto Patrícia Medrado em sua vida. “Foi através do Instituto que a Viviane [Marani] me encontrou e me ajudou a correr atrás desse sonho. O projeto me proporcionou conexões e abriu portas. Foi onde aprendi tênis. Lembro com carinho dos momentos no Casa Blanca, dos comes e bebes e das risadas com os amigos.”
Aos jovens alunos de hoje do IPM, ele deixa um conselho, baseado em sua própria experiência de vida: “Estejam preparados. Se você esperar a oportunidade chegar para se preparar, talvez seja tarde demais. Estejam prontos antes”, enfatiza.
Férias em casa para matar as saudades
De volta ao Brasil por algumas semanas, Lucas reencontrou familiares, amigos e colegas do IPM. “Foi muito bom rever todo mundo. Cheguei de surpresa, e minhas irmãs ficaram chocadas”, revela. Ele também foi direto ao ser questionado do que mais sente falta de casa quando está longe: “da comida!”
O que vem pela frente
De volta aos EUA, Lucas Saone se prepara para iniciar o mestrado, também em Matemática. Depois, pretende seguir para o doutorado. Até por isso, ele ainda não sabe se voltará a viver no Brasil. “São mais uns seis ou sete anos de estudo, então está cedo para decidir”, explica.
Por fim, ele usa os ensinamentos de sua mentora como um mantra para sua vida. “Viviane me ensinou a correr atrás. Não existia ‘desistir’ no vocabulário dela. Mas, ao mesmo tempo, acredito que nem sempre nossos sonhos são o melhor para nós. Somos pequenos demais para saber. Por isso, hoje o que busco é colocar minha fé em primeiro lugar e confiar que o resto vem.”
Um exemplo que inspira
A história de Lucas é um lembrete vivo de como esporte, educação e acolhimento podem transformar realidades. Para o Instituto Patrícia Medrado, é motivo de orgulho e combustível para seguir impactando vidas.
E para cada criança que pisa numa quadra de tênis pela primeira vez, fica a certeza: os sonhos podem começar com uma raquete nas mãos — e chegar muito, muito longe.