Dia das Mães: os desafios da maternidade no tênis

12 de maio de 2019
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Ser mãe é o sonho de quase toda mulher. Conceber um filho e cria-lo é o significado mais puro da palavra amor e a mais elevada forma de altruísmo. Nasce ali, junto com o bebê, um laço eterno de carinho, proteção, dedicação.

Meses após a gestação, um dos maiores desafios para uma mãe é voltar à rotina. Psicológica e emocionalmente é uma missão difícil retornar ao trabalho sem preocupação e saudade. Agora imagina para uma tenista que passa o ano viajando pelo mundo para disputar torneios. É, sem dúvida, um grande dilema.

Ser mãe ou focar na carreira?

Diferentemente de uma profissão comum, na qual uma mulher volta ao trabalho e encontra tudo exatamente como antes da licença maternidade, atletas necessitam também se recondicionar fisicamente para atingir a demanda que o esporte de alto rendimento exige.

No tênis, o ano 2019 trouxe boas novidades para as mamães do circuito, conquistadas após muitos debates e reivindicações públicas de jogadoras do gabarito de Serena Williams e Victoria Azarenka, duas ex-número 1 do mundo.

Uma delas foi o prolongamento do tempo do ranking protegido para três anos. Anteriormente, qualquer tenista que interrompesse a carreira para dar à luz poderia congelar seu ranking por no máximo dois anos. Isso fazia com que atletas, incluindo Serena, precisassem antecipar o retorno ao circuito para que não perdessem o benefício e fossem prejudicadas esportivamente. No caso da norte-americana, que passou por graves problemas de saúde após o nascimento da filha, a volta precoce resultou em um desempenho abaixo do esperado.

Outra mudança foi o aumento de 8 para 12 torneios em que uma tenista pode utilizar o benefício do ranking protegido, entrando diretamente na chave principal sem a necessidade de disputar o qualifying.

Uniforme “Pantera Negra” e briga na justiça

Em 2018, pouco após a sua volta, Serena Williams causou alvoroço ao jogar em Roland Garros com um uniforme comprido todo preto colado ao corpo, que, segundo ela própria, melhorava a sua circulação e ajudava na recuperação pós-gravidez. O assunto se tornou uma grande polêmica e ela foi proibida de jogar novamente com a roupa em futuras edições do torneio, o que desencadeou em outra mudança feita pela WTA, que passou a permitir no início da temporada atual o uso de calças legging sem a necessidade de uma saia ou calção por cima, contrariamente às regras vigentes até então.

Já Azarenka passou por situações ainda mais complicadas envolvendo a sua vida familiar e profissional. Após o nascimento do primeiro filho, Léo, no fim de 2016, Vika caiu do 1º para o 200º lugar no ranking WTA em poucos meses. Isso devido não apenas à sua ausência durante o período pré-natal e pós-maternidade, mas por uma luta judicial com o ex-companheiro pela guarda do garoto, que a deixou sem poder sair dos EUA para disputar torneios por quase um ano. O processo finalmente acabou, recompensando-a com a vitória nos tribunais e o alívio de poder cuidar livremente do filho.

Atletas que foram mães e voltaram à elite

No esporte não é muito habitual que as mulheres tenham filhos durante a carreira, e no tênis não é diferente. Ao longo da história há poucas exceções de tenistas que conquistaram grandes títulos após a maternidade, possíveis somente graças aos convites (wild card) oferecidos pelos próprios torneios, que, entretanto, beneficiam geralmente apenas atletas do alto escalão e acabam excluindo as jogadoras de ranking mais baixo.

Dentre as tenistas que conquistaram um Grand Slam após darem à luz estão Margaret Court, a primeira mulher a ganhar um major depois de se tornar mãe (conquistou um total de três torneios deste gabarito após a maternidade), Evonne Goolagong, que venceu dois dos seus sete títulos de GS após o nascimento de sua filha Kelly, e Kim Clijsters, que conquistou três dos seus quatro Grand Slams após a chegada do primeiro filho, em 2008.

A norte-americana Lindsay Davenport, ex-líder do ranking, não levantou nenhum troféu dos quatro principais torneios do mundo depois da gravidez, mas venceu dois dos três WTA que disputou no seu breve retorno ao esporte.

Preocupação de mãe

O verdadeiro significado do que é ser mãe mesmo estando dentro de quadra pôde ser entendido em 2017, durante o torneio de Gstaad, na Suíça, quando a tenista da casa, Patty Schnyder, estava prestes a receber um saque da alemã Antonia Lottner e fez uma pequena pausa no andamento do jogo para chamar a atenção do marido, que estava na arquibancada, e pedir para que agasalhasse a filha, a pequena Kim, de dois anos. Um gesto que comprova que a maternidade é um bem acima de qualquer outro.