Aluno do Instituto Patrícia Medrado é aceito em universidade dos EUA

15 de abril de 2021
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Pouco mais de 365 dias. Esse foi o tempo necessário para que Lucas Saone, um dos alunos prodígios do Instituto Patrícia Medrado e prestes a completar 18 anos de idade, transformasse um sonho distante na maior conquista de sua vida: garantir uma bolsa de estudos para cursar faculdade nos Estados Unidos.

Ele mesmo admite que, lá em fevereiro de 2020, quanto tudo começou, muitas incertezas pairavam sob sua cabeça e não imaginava que em tão pouco tempo alcançaria o objetivo que outrora parecia impossível. Hoje, graças à mentoria da ex-tenista universitária Viviane Marani, ao apoio do IPM e da sua família, mas principalmente devido ao seu próprio esforço, Lucas pode dizer que é o mais novo aluno de Engenharia Eletrônica da Jacksonville State University, no estado norte-americano do Alabama.

A vaga garante ao brasileiro, por dois anos, uma bolsa de 100% na International House, um ambiente acadêmico voltado para a integração entre alunos e imersão à cultura local, onde compartilhará o dia a dia com estudantes de mais de 20 países diferentes. Além da moradia, a instalação oferece infraestrutura completa com alimentação, salas de estudo, livros e espaço de lazer para os jovens.

Como tudo começou

Formada em Finanças e Ciências Contábeis na própria universidade de Jacksonville com bolsa esportiva, a brasileira Viviane Marani está nos Estados Unidos desde 2007, e, mesmo longe do Brasil há mais de uma década, mantém laços com o país natal, procurando ajudar jovens tenistas esportiva e academicamente. Parceira do Instituto Patrícia Medrado, ela também costuma enviar roupas e materiais para os alunos da organização e já visitou o projeto por duas vezes.

No entanto, mais do que investir em doações ou no desenvolvimento esportivo de adolescentes, Viviane resolveu fazer a diferença de outra forma e procurou Patrícia Medrado para encontrar o nome ideal para levar aos EUA em um plano de médio prazo. De cara, Lucas foi o nome sugerido pela ex-número 1 do Brasil, que levou em consideração seu histórico positivo nas aulas de tênis, no boletim escolar e em suas ações diárias.

“Eu já apoiava financeiramente outras crianças dentro do esporte, mas senti a necessidade de gerar resultados acadêmicos. Foi quando decidi criar um projeto pessoal que impactasse além das quadras. Então, no começo de 2020, pedi a indicação de um aluno que tivesse esse desejo de estudar fora e apresentasse as características necessárias para aplicar futuramente em uma faculdade americana”, explica Viviane.

Aluno nota dez

De origem humilde e morador da região do Jardim Casa Blanca, bairro periférico da zona sul de São Paulo, Lucas desde cedo foi bastante aplicado aos estudos. Nos tempos de escola, foi medalhista de bronze nas Olimpíadas de Matemática, disciplina que o garoto gabaritou na prova que o credenciou para conseguir a vaga universitária fora do país, o Scholastic Assessment Test (SAT).

“Com toda a certeza, os resultados em matemática e no teste de inglês foram fundamentais para que ele conseguisse a bolsa de estudos. Mas para entrar numa faculdade norte-americana é preciso mais do que isso, e o Lucas preenchia o perfil que as instituições de lá exigem. Ele já substituiu professor em aula de tênis, coordenou as mídias sociais da escola, é bom de redação, e todas essas competências e habilidades de liderança o tornaram elegível”, conta Marani.

Peça chave em todo o processo de preparação do garoto, ela própria quem deu aulas particulares de inglês e sugeriu um programa intenso de estudos para que Lucas obtivesse êxito nas provas. Nos últimos dois meses antes da avaliação final, o jovem somou mais de 300 horas de vídeo aulas assistidas e respondeu incríveis 9 mil questões. “Para focar totalmente no teste diminuí o tempo nas redes sociais, saí de um grupo de conversa de amigos e não joguei videogame durante toda a reta final”, revelou o aluno.

Tamanha dedicação é também motivo de orgulho para a família. O pai, Flavio Saone, além da enorme alegria, admite certa surpresa com a notícia. “Quando o Lucas entrou no projeto do instituto jamais imaginaria uma oportunidade como essa, algo que eu mesmo não teria condições de oferecer. Foi surpreendente como em tão pouco tempo ele conseguiu transformar esse sonho em realidade, e tenho certeza de que aproveitará muito bem esse futuro que ele mesmo criou”, diz emocionado.

Sonhos e expectativas

Tímido, mas determinado a alcançar seus principais objetivos, Lucas esconde por trás de sua quietude um enorme poder de coragem e ambição. Além da capacidade natural de aprendizado em sala de aula, ele desenvolveu em oito anos praticando o tênis algumas habilidades fundamentais para o sucesso dentro e fora de quadra, como a autonomia, disciplina, concentração, resiliência e autoconfiança. Com todos esses atributos, ele já traça algumas metas a médio e longo prazos, com audácia, generosidade e pés no chão.

“Inicialmente eu espero chegar lá [na faculdade] e ter uma excelente troca de culturas e valores, até porque essa bolsa tem o objetivo de juntar pessoas de vários países diferentes. Pensando no lado mais acadêmico e profissional, eu gostaria de ser lembrado a ponto de um dia estudarem sobre mim. Mas, para isso acontecer, ainda tenho muito trabalho pela frente. Já no campo pessoal gostaria de poder retribuir de alguma forma a todos que me ajudaram”, comenta.

Instituto inspira jovens tenistas

Em pouco mais de cinco anos, Lucas Saone é o segundo aluno da organização fundada pela tenista ex-top 50 do mundo a obter uma bolsa para estudar fora do país. Hoje já formado em Matemática e com 27 anos, Rafael Gonçalves foi o primeiro case de sucesso internacional do Instituto Patrícia Medrado e está prestes a finalizar seu mestrado em Engenharia Mecânica na Virgina Tech.

Diretora executiva do IPM, Medrado explica que o esporte é uma excelente ferramenta para fomentar sonhos e abrir portas para os garotos. “Muito mais do que formar atletas, que não é o nosso objetivo principal, utilizamos o tênis para desenvolver competências físicas, socioemocionais e cognitivas para que o jovem saia daqui um cidadão melhor e preparado para a vida. Histórias como a do Lucas e do Rafael com certeza motivam novas crianças a seguirem os mesmos passos”, diz.

Cursar uma faculdade no exterior, no entanto, não é o único caminho explorado pelos alunos do projeto social. Nos últimos dois anos, parcerias com clubes e empresas empregaram cerca de 15 adolescentes do IPM, a maioria no regime de jovem aprendiz, oportunizando a entrada no mercado de trabalho. “Essas parcerias são fundamentais para ajudar esses garotos a conquistarem o primeiro emprego, desenvolverem novas habilidades e criarem senso de responsabilidade”, finaliza Patrícia.